Tecnologia 4.0 não é privilégio das grandes empresas

“A tecnologia 4.0 não é privilégio das grandes empresas multinacionais”

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“A tecnologia 4.0 não é privilégio das grandes empresas multinacionais”

(09/06/2019) – “A tecnologia 4.0 não é privilégio das grandes empresas multinacionais”. A frase é de Mário Winterstein, diretor da International Business Development Group, que presta serviços de consultoria à AMT – The Association For Manufacturing Technology, que esteve no Brasil durante a Expomafe 2019. O estande da AMT Brasil estava promovendo o MTConnect, protocolo aberto e gratuito que torna possível a interconectividade entre máquinas, equipamentos e acessórios, inclusive entre máquinas antigas.

No estande, era possível acompanhar remotamente uma máquina em operação no Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul. A máquina, com mais de 10 anos de uso, estava equipada com um CNC Siemens, também antigo, comunicando-se com robôs e outros acessórios, funcionando como um modelo atualizado. “A tecnologia está disponível a qualquer empresa, mesmo um pequeno prestador de serviço de usinagem”, diz.

Winterstein obviamente não se referia à implementação da tecnologia numa fábrica inteira, empregando todos os recursos e conceitos da Indústria 4.0. “Existem ações, porém, que permitem que mesmo pequenas e médias empresas – a um custo bastante acessível, às vezes de apenas US$ 300 para o desenvolvimento de um “adaptador” – utilizem a tecnologia para ganhar produtividade e, portanto, melhorar a sua competividade”.

E é isto o que proporciona o protocolo de comunicação desenvolvido pelo Instituto MTConnect, entidade sem fins lucrativos criada pela AMT. Funcionando como uma espécie de tradutor ou conversor, ele permite que máquinas, equipamentos e acessórios de diferentes fabricantes “conversem” entre si e que as informações geradas nas operações possam ser armazenadas, analisadas e transmitidas.

“Assim como nos computadores existe o “http://”, que é uma linguagem única para a internet independente do sistema operacional que se esteja utilizando, ou o USB que possibilita conectar acessórios de qualquer fabricante, o MTConnect é o tradutor que possibilita a conexão através de uma linguagem normalizada”, explica.

Winterstein lembra que, no passado, uma empresa que tivesse um torno, um alimentador de barras e um sistema de troca rápida, precisava de uma interface para que estes equipamentos se comunicassem com o CNC. E grande parte das informações de produção geradas naquelas operações era perdida. Além disso, a cada vez que se ia fazer uma peça, era necessário começar do zero.

“Hoje, com os novos recursos, os equipamentos se comunicam e as informações são armazenadas e transferidas a cada peça produzida. Futuramente, quando a empresa precisar repetir aquela peça, já tem todas as informações e pode começar com a primeira peça bem feita, com todos os equipamentos e acessórios ajustados e calibrados. Com isso, todas as empresas – inclusive as pequenas e médias – ganham tempo, ganham produtividade”, explica. “Ele permite coletar informação em qualquer sistema, de um sensor, e traduzir para uma linguagem única, que depois pode ser usada, processada e, se for para próxima máquina, que esta entenda o que foi feito na anterior”.

Para Winterstein é fundamental que as PMEs atentem para as possibilidades trazidas pelas tecnologias da Indústria 4.0, para que se mantenham competitivas. Ele lembra que, nos EUA, um estudo em 2017 pela Gardner apontou que 27% dos investimentos previstos para 2018 em tecnologias 4.0 seriam realizados por empresas com até 20 funcionários. “É uma porcentagem muito significativa”, frisa, lembrando que “as pequenas empresas, em geral, são mais criativas e têm mais flexibilidade, podendo fazer lotes de 1, 20 ou 200 peças e não podem perder tempo na preparação”.

MTCONNECT – Winterstein conta que há mais de 10 anos, a AMT – para atender uma necessidade da indústria – decidiu incentivar a realização de estudos com vistas ao desenvolvimento de uma máquina inteligente, levando a inteligência às máquinas-ferramenta. Em uma dessas reuniões, um dos participantes, da área de TI, lembrou que antes de qualquer ação para se atingir aquele objetivo, era necessário fazer com que cada máquina, não importando o fabricante, conseguisse falar com as outras, tecnologia já então utilizada em outros setores, como os de telecomunicações e computação.

A partir daí, o projeto derivou para o desenvolvimento de um protocolo de comunicação, o MTConnect, que hoje já está presente em produtos de vários fabricantes mundiais de máquinas-ferramenta, como Mazak, Makino, DMG MORI, Romi, fabricantes de CNCs, como Fagor, Fanuc, Heidenhain, Mitsubishi, Siemens, além de robôs, acessórios de máquinas etc.

Por ser um protocolo aberto e gratuito, qualquer empresa ou pessoa tem acesso ao MTConnect, sem a necessidade de pagamento de royalties. Existe inclusive uma comunidade mundial que reúne usuários e desenvolvedores de aplicativos em www.mtconnect.org. Neste site, inclusive, os usuários podem encontrar inúmeras empresas capazes de desenvolver soluções especifícas. Lá também é o “ponto de encontro” onde desenvolvedores discutem a criação de protocolos de comunicação para outros tipos de máquinas, como os que estão sendo desenvolvidos para máquinas de manufatura aditiva, injetoras etc.

FONTE: http://www.usinagem-brasil.com.br/14105-tecnologia-40-nao-e-privilegio-das-grandes-empresas/

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